3 de mai. de 2013

II SARAU DE ARTES E LITERATURA

 
ROTEIRO DO 2º SARAU  DE ARTES E LITERATURA   


1 - Boa tarde a todas e todos, sejam bem vindos ao 2º Sarau de artes e literatura da EREM coronel João Francisco.

2 – Tudo o que existe hoje no campo da literatura, das artes plásticas, da música e do cinema está de certa forma relacionado às propostas e experiências desenvolvidas pela arte moderna no inicio do século 20.

1 – De modo geral o que marcou o espírito da arte moderna foi o desejo de libertação das amarras do passado e a busca de uma forma de expressão sintonizada com a mentalidade do novo século.

2 – Compreender a arte moderna implica conhecer o formidável conjunto de transformações que ocorreu nesse período e a forma de ver e de sentir delas  manifestas numa nova expressão artística.

 
1 – Mas o que é ser moderno? Tanto naquela época quanto hoje?  

2 – A nossa primeira atração procura dar uma resposta a essa pergunta:



 
1-  O mundo ocidental nas primeiras décadas do século 20 estava marcado por mudanças profundas  nos setores econômico, político, social e cultural

2 – Movimento operário, guerra, revolução conviviam lado a lado com o surto da industrialização  e de importantes invenções como o avião e o cinema.

1 – E como cantaria Cazuza muito tempo depois: O tempo não para. A vida segue e a arte moderna apresenta uma revolução artística e cultural






 
 O modernismo brasileiro começou oficialmente em 1922 com a realização da semana de arte moderna.

 
1 – Essa semana de artes e modernidades foi organizada pelos personagens que agora destacamos: (caracterização)
Graça aranha = Flaviano             
Anita Malfati = Yasmim            
Vila lobos = Ednelson                
Mario de Andrade = Antonio  
Manuel bandeira = Tarcisio     
Oswald de Andrade = Lucival   
 
2 -  O fato mais marcante do inicio do modernismo no Brasil se deu com a exposição da pintora Anita Mafalti  realizada em 1917 e provocou muitas críticas por parte do escritor Monteiro Lobato.

1 – Em resposta a essas críticas Manuel Bandeira escreve o poema a seguir em tom de ironia e crítica a cultura oficial.

(Poema Os sapos – Antonio, Camila, Jaciele, Priscila) 

 
Os Sapos
Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.

Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".

O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.

Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.

O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.

Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.

Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas..."

Urra o sapo-boi:
- "Meu pai foi rei!"- "Foi!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".

Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- A grande arte é como
Lavor de joalheiro.

Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo".

Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas,
- "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!".

Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Veste a sombra imensa;

Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é

Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio...





1 – A semana de arte moderna que aconteceu durante os dias 13 a 18 de fevereiro de 1922 foi um importante marco para a liberdade de criação e a criação de uma arte genuinamente brasileira.

2 – Após a Semana de artes o Modernismo passou a se difundir por todo o país. Aprofundando as marcas estéticas defendidas na semana.

1- Mário de Andrade disse que o que estava acontecendo era uma orgia literária na qual várias tendências eram expostas em ricas publicações literárias.

2 – É dele o poema que ouviremos agora:

.




 
Quando eu morrer quero ficar,
Não contem aos meus inimigos,
Sepultado em minha cidade,
Saudade.

Meus pés enterrem na rua Aurora,
No Paissandu deixem meu sexo,
Na Lopes Chaves a cabeça
Esqueçam.

No Pátio do Colégio afundem
O meu coração paulistano:
Um coração vivo e um defunto
Bem juntos.

Escondam no Correio o ouvido
Direito, o esquerdo nos Telégrafos,
Quero saber da vida alheia,
Sereia.

O nariz guardem nos rosais,
A língua no alto do Ipiranga
Para cantar a liberdade.
Saudade...

Os olhos lá no Jaraguá
Assistirão ao que há de vir,
O joelho na Universidade,
Saudade...

As mãos atirem por aí,
Que desvivam como viveram,
As tripas atirem pro Diabo,
Que o espírito será de Deus.
Adeus.

 
1 – A obra de Oswald de Andrade representa um dos cortes mais profundos do Modernismo Brasileiro em relação à cultura do passado.




 
Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá

Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra

Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá

Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo

1 – Outro poeta de grande destaque no modernismo é o pernambucano Manuel Bandeira. Ele resgatou o lirismo poético, quase abandonado pelos demais modernistas na fase de luta contra o passado.

2 - “A arte de amar” é um poema reflexivo onde as rimas praticamente inexistem. Ele se aproxima bastante de um texto em prosa, porém não perde seu caráter poético através dos versos. É um poema escrito por Manuel Bandeira em seu melhor estilo.

ARTE DE AMAR

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.

As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.

Porque os corpos se entendem, mas as almas não
 
 
2 – No poema a seguir percebemos duas temáticas importantes para entendermos Manuel Bandeira: a associação entre poesia e vida   e a poesia a serviço da expressão de enlevos eróticos e amorosos.

Desencanto
Eu faço versos como quem chora
De desalento , de desencanto
Fecha meu livro se por agora
Não tens motivo algum de pranto

Meu verso é sangue , volúpia ardente
Tristeza esparsa , remorso vão
Dói-me nas veias amargo e quente
Cai gota à gota do coração.

E nesses versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre
Deixando um acre sabor na boca

Eu faço versos como quem morre.
Qualquer forma de amor vale a pena!!
Qualquer forma de amor vale amar!

 
1 - Neste poema, a presença da estrela, como uma imagem persecutória no universo Bandeiriano. Pode dar a interpretação de um destino ou de uma personagem famosa, feminina. Que nos remete as mulheres retratadas nas suas poesias.

2 -  Por outro lado, submete a um universo inalcansável ou um limite. Poderia ser uma mulher impossível de conquistá-la ?
Percebemos um tom utópico e quando fala em esperança no fim triste do seu dia. Como uma estrela é um objeto para ser apreciado, visto e não tocado, termina a poesia de maneira irônica, entendendo da impossibilidade de tocar ou aproximar deste astro.




A estrela


Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.

Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.

Por que da sua distância
Para a minha companhia
Não baixava aquela estrela?
Por que tão alta luzia?

E ouvi-a na sombra funda
Responder que assim fazia
Para dar uma esperança
Mais triste ao fim do meu dia.



 1-  Ser moderno também é dançar. Veremos agora uma mistura de ritmos abrilhantando o nosso sarau


 
1 – O poeta paraibano  Augusto dos Anjos  foi um nome importante do pré-modernismo e causou muita polêmica com suas poesias

2 - O poeta tinha como tema uma profunda obsessão pela morte e teve como base a idéia de negação da vida material e um estranho interesse pela decomposição do corpo e do papel do verme nesta questão. Por este motivo foi conhecido também como o “Poeta da morte”.


Vamos ouvir?

Versos Íntimos
Augusto dos Anjos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!


 

1 –  Poeta modernista Vinicius de Moraes  tentou viver uma vida o mais parecida possível com a arte que ele exercia.


2 -  O que torna Vinicius um grande poeta é a percepção do lado obscuro do homem. E a coragem de enfrentá-lo. Parte, desde o princípio, dos temas fundamentais: o mistério, a paixão e a morte. 

Soneto de Fidelidade
Vinicius de Moraes

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.



 
2 - Apesar da Semana de Arte Moderna ter sido arquitetada sobre o palco do Teatro Municipal de São Paulo, o teatro brasileiro não havia ainda explorado decentemente o gênero, de forma que, ao público, eram apresentados espetáculos cujos temas desgastavam-se cada vez mais.

1 – Veremos agora uma apresentação teatral que mistura textos de diferentes autores.
 

2 – No nosso segundo sarau refletimos sobre esse movimento, a literatura da época caracterizada pela irreverência  e ruptura em relação ao passado.

1 – As estéticas literárias não são estanques. Muitas vezes se tocam, se influencias e se misturam.  Esse sincretismo artístico foi o que procuramos demonstrar hoje.

E para concluir, musica ao vivo para a gente se alegrar ainda mais.







 
Ficha técnica:
Tecnologia: Wesley

Maquiadores: Edilma, Gerlane, Tatiane, Ivani
Jogral: os sapos  Priscila, Jaciele, Camila, Antonio,  
Poemas: William. Edilma, Rodolfo, Aparecida, Luzia, Edileuza, Cosme
Dança:   Daniele / Edna / Josefa / Rafaela / Brenda / Adelino / Aline/ Manoel / Ariane
Teatro: Luis, Eraldo, Edna, Auriele, Nailza, Ronara, Wiliam
Desfile:  Jaqueline / Paulo / Aline / Luana / Isabel / Tainá / Gimerson / Gislane/ Cintia  Maisa / João
Professores: Emanoel, Renata, Deyvson, Uenes



3 comentários:

Anônimo disse...

parabéns! muito bonito.

Anônimo disse...

A escola e os professores estão de PARABENS. OTIMO

Unknown disse...

Excelente forma de trabalhar a literatura. Trabalho bastante educativo. Parabéns a todos os que fazem a EREM Cel. João Francisco.