
ENTREVISTA: GENIVALDO FAUSTO DE OLIVEIRA FILHO –
PROMOTOR DE JUSTIÇA DE SÃO VICENTE FÉRRER
Após uma palestra na escola Pio Guerra, o promotor de Justiça de nosso município concedeu essa entrevista ao Pio
QUAL O OBJETIVO DA JUSTIÇA ELEITORAL EM IR ÀS ESCOLAS FALAR SOBRE A IMPORTÂNCIA VOTO?
O objetivo da justiça eleitoral é esclarecer o eleitor, ou seja, o cidadão sobre a importância do voto. Nos não podemos influenciar na vontade do voto das pessoas. Porque o voto é livre e nós estamos aqui para garantir isso: a liberdade de escolha.
As pessoas e os estudantes em geral, tanto os que estavam aqui assistindo a palestra como os que não estão aqui têm que saber a importância do voto, têm que saber que o voto não se vende e não se troca. Enfim, o voto é a manifestação livre da pessoa de escolher seu candidato com base nas propostas, no que ele tem para oferecer para a população de uma maneira geral. Então o objetivo da Justiça Eleitoral é esclarecer isso, fazer com que a pessoa tenha vontade de votar, vote não porque é obrigado, mas porque quer votar, porque acredita em seu candidato.
NA SUA OPINIÃO, VOTO É UM DIREITO OU UMA OBRIGAÇÃO?
Mais do que uma obrigação ele é um direito. O cidadão tem o direito de escolher. Ele é um direito dos mais importantes, porque ele iguala as pessoas, sejam pobres, sejam ricas. Diferentemente do passado quando quem tinha o direito de votar era quem tinha dinheiro, hoje não, isso dá igualdade às pessoas. A Justiça Eleitoral dá esse direito às pessoas que têm que saber escolher o seu candidato. Escolher as propostas melhores, não como obrigação, mas como direito a ser exercido livremente.
O SENHOR DISSE QUE O VOTO NÃO É OBRIGAÇÃO. ENTÃO POR QUE A GENTE É OBRIGADO A IR VOTAR E SE NÃO FOR PAGA TAXAS, PENALIDADES?
Cada país tem suas leis específicas a respeito disso. Por exemplo, nos Estados Unidos o voto é facultativo, as pessoas não são obrigadas a votar. No Brasil, desde muito tempo, o sistema tem sido este já se falou em modificar a maneira de votar, no entanto, mais importante do que a gente ter a obrigação de ir votar ou trabalhar na eleição, é um direito nosso porque a gente está escolhendo nossos candidatos. Se a pessoa acha que a escolha não vai afetá-la está enganada, vai afetar diretamente. Tanto é que a pessoa pode ir até a urna e anular seu voto e vai estar prestigiando quem você não gosta. As pessoas têm que cobrar da classe política propostas e exigir deles melhoria para a cidade e não troca de favores, nem promessas milagrosas e exercer esse direito. Nossa lei determina que é uma obrigação, mas eu digo que é um direito nosso e nós não devemos abrir mão nunca dele
QUAL A SUA OPINIÃO ACERCA DESSE MOMENTO VIVENCIADO NO PIO GUERRA?
Acho importante a nossa participação no Pio Guerra. Essa é uma escola importante no município, faz parte desse contexto da Chã do Esquecido, que pra mim não deve ser esquecido nunca. São pessoas da comunidade, pessoas que moram aqui onde a maioria vive da agricultura e não pode estar alheias aos fatos sociais. A eleição influencia diretamente na vida de cada um.
Agradeço aqui a participação da escola através da diretoria, da secretária e dos professores de me fazer presente, de ter esse espaço aqui porque onde há democracia existe essa discussão de idéias. Mais do que falar eu vim aqui para trocar idéias. Justiça de uma maneira social é essa, é a gente saber ouvir todos os lados e dar liberdade para que todos falem. Foi uma presença importante dos alunos; a maioria que está participando não vota, mas vão sim conversar com seus pais, questionar em casa, pois esse foi o recado que a gente deu sobre a importância do voto, sobre o não dever e não poder vender seu voto
QUAL A MENSAGEM QUE O SENHOR DEIXA PARA OS QUE VÃO VOTAR PELA PRIMEIRA VEZ?
A mensagem que eu deixo é de esperança, mas sobretudo, de compromisso dessas pessoas que vão votar pela primeira vez. Eu quero saber se daqui há vinte anos elas vão lembrar em quem votaram. É importante que se lembrem porque se se lembrarem vão saber que foram bons ou maus candidatos. É importante que essas pessoas saibam votar porque o voto torna todos iguais. As pessoas não se sintam pressionadas a nada, ninguém é obrigado a votar em ninguém o voto é secreto, ninguém sabe em quem você votou. Só vai saber se votou se o eleitor disser. Ninguém pode ceder a pressões ou acreditar em promessas fantasiosas porque os palanques se desmancham e nós temos quatro anos pela frente, muitas vezes para penar e outras vezes não, porque existem políticos decentes, pessoas que querem o melhor para o povo. A importância desse encontro é reafirmar o compromisso do eleitor que está começando agora para que ele se comprometa, sobretudo com a consciência dele que não tem preço. A democracia não tem preço!
Dignidade do Voto
por D. Demétrio Valentini
Na hora do voto, cada eleitor pergunte à sua própria consciência. E sinta-se livre de toda ameaça. Consciência e liberdade andam de mãos dadas. A prova de que votamos de acordo com nossa consciência é o sentimento de autonomia que experimentamos na hora de votar.
A liberdade do eleitor é protegida pela urna. A urna é a tenda da democracia, o abrigo da consciência, o escudo da liberdade.
Todo eleitor tem direito à própria liberdade, que não pode ser vigiada por ninguém. A lei garante, e os partidos precisam se incumbir de resguardar o clima de respeito, para que nenhum eleitor se sinta constrangido na hora de votar.
Diante da urna, o empregado está livre da pressão do patrão, que o ameaçou com a perda do emprego se não votasse no candidato que o patrão quis impor a todos os empregados de sua firma. PARA O BEM DA DEMOCRACIA, VOTE CONTRA O PATRÃO PREPOTENTE!
Diante da urna, o funcionário público está livre da ameaça do prefeito, que forçou os funcionários a fazerem campanha para ele e ameaçou de demissão quem não votasse nele. Para o bem da democracia, vote contra os arremedos de ditadores que a politicagem vai criando por aí, no zoológico da corrupção!
Diante da urna, os pobres recuperam sua dignidade, atropelada pelo peso da miséria, que os forçou a aceitarem dinheiro em troca da promessa de voto, a receberem a cesta básica que o candidato mandou entregar, que tiveram que carregar bandeiras contra sua convicção, que vestiram a camisa que nada representava para suas legítimas aspirações de participação política e de inclusão social.
Na hora do voto, os pobres têm sua oportunidade de votar sem estarem pagando nenhuma promessa, sem se sentirem na falsa obrigação de votar no candidato que tentou comprar sua consciência. A liberdade da urna redime o cidadão da tentação de vender seu voto em troca de dinheiro ou de favores.
A DEMOCRACIA SE FORTALECE COM O VOTO LIVRE E CONSCIENTE DOS ELEITORES.
Por isto, o voto precisa ser preparado por uma reflexão pessoal, que cada eleitor precisa fazer com antecedência. A liberdade deve ser cultivada em tempo, para não ser traída pela ignorância ou pela ingenuidade.
É preciso que cada eleitor se pergunte qual o candidato que em primeiro lugar se mostra mais digno do seu voto. Pois a democracia começa pela ética, que ampara a honestidade dos que pleiteiam cargos públicos.
Cada voto precisa expressar a esperança de eleger os candidatos que melhor vão garantir um governo sério e competente, que coloque os recursos públicos a serviço do bem comum.
A senha prática para guiar com segurança a liberdade é votar contra os candidatos que tentaram pressionar os eleitores com ameaças ou usaram o poder econômico para comprar o voto dos pobres. Para o fortalecimento da democracia, o voto livre e consciente. Este é o direito, esta é a obrigação de cada eleitor!
Dom Demétrio Valentini
Bispo da Diocese de Jales/SP
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