

Ler e compreender os sentidos do texto
EMANOEL LOURENÇO DA SILVA
Todos lemos a nós e ao mundo à nossa volta para vislumbrar o que somos e onde estamos. Lemos para compreender, ou para começar a compreender. Não podemos deixar de ler. Ler, como respirar, é nossa função essencial. ALBERTO MANGUEL
Esta pesquisa tem como foco central analisar o nível de compreensão leitora nos alunos concluintes do Ensino Fundamental. Para isso partimos da concepção de leitura como um processo de interação entre o leitor, o texto e o autor, no qual o sentido é construído e reconstruído. Conceituamos o texto como sendo o produto da atividade discursiva oral e escrita que forma um todo significativo e acabado, qualquer que seja sua extensão e o leitor competente é aquele que é capaz de utilizar o texto adequado às suas necessidades.
Este é mais um estudo acerca de leitura e compreensão de textos, surgido a partir da observação de leituras realizadas em sala de aula por alunos da 8ª série do Ensino Fundamental, nas quais percebe-se muita compreensão literal (decodificação) e pouca compreensão inferencial do que foi lido, sobretudo, em se tratando de textos longos.
Esta pesquisa está dividida em três partes. Na primeira explicitamos o referencial teórico no qual abordamos as concepções de texto, leitura e de leitor competente. Para tal contamos com a contribuição de autores como KLEIMAN ( 2002), MARTINS (1998), LEFFA (1996), KOCK e ELIAS (2006), SOLÉ (1998), MARCUSCHI (1983), CAGLIARI (1994), ORLANDI ( 1983), PENNAC (1993), SILVA (1998), da Proposta Pedagógica para o ensino de língua portuguesa do Estado de Pernambuco e os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua portuguesa (1997), entre outros. Nela, ainda diferenciamos os níveis de compreensão classificados em Inferencial e Literal e apresentamos as características de cada um.
LEITURA
Para GOODMAN (1976) apud KLEIMAN (2002: p. 29) “A leitura é um processo complexo através do qual o leitor reconstrói, até certo ponto, uma mensagem codificada por um escritor”.
O PCN de Língua Portuguesa (1997: p. 53), define a leitura como “um processo de construção do significado do texto...” No entanto, para realizar esse processo de construção do significado o leitor lança mão de uma série de estratégias como a “seleção, a antecipação, a inferência e a verificação (PCN, 1997: p. 53)”, sem as quais não é possível alcançar a proficiência na leitura.
TEXTO
A noção de texto pode ser aplicada tanto para manifestações orais como para as escritas. CITELLI (2000: p. 22) afirma que “Quando falamos ou escrevemos, estamos querendo comunicar intenções, buscando ser entendidos”. Nesta comunicação produzimos textos que podem ser escritos ou não. Os mesmos são o resultado de uma interação comunicativa.
O PCN de Língua Portuguesa (1997: p. 25) trata de texto como “o produto da atividade discursiva oral ou escrita que forma um todo significativo e acabado, qualquer que seja sua extensão. É uma seqüência verbal constituída por um conjunto de relações que se estabelecem a partir da coesão e da coerência. Esse conjunto de relações tem sido chamado de textualidade”.
LEITOR COMPETENTE
O PCN - Língua Portuguesa, (1997: p. 54) indica que:”Um leitor competente é alguém que, por iniciativa própria, é capaz de selecionar, dentre os trechos que circulam socialmente, aqueles que podem atender a uma necessidade sua. Que consegue utilizar estratégias de leitura adequada para abordá-los de forma e atender a essa necessidade”.
(KLEIMAM, 2002) “a capacidade para perceber a estrutura do texto”; “a capacidade para perceber a intenção do autor” “a capacidade de fazer paráfrase do texto”.
É importante que a escola estabeleça uma prática pedagógica em que a leitura seja primordial e propicie um ambiente adequado a essa prática.
Os dois níveis de compreensão abordados neste trabalho (inferencial e literal) possuem, cada qual, o seu grau de importância na construção do sentido e a falta de um deles pode comprometer a compreensão do texto. As habilidades de leitura estão interligadas e contribuem para uma significação eficaz do escrito e são todas desejáveis em um leitor proficiente e ativo, capaz de agir sobre o texto, além de sua superfície textual.
Sabemos que a leitura é um dos meios de conseguir fazer do aluno um cidadão capaz de ler e interpretar o mundo, a realidade social e assim, contribuir positivamente para sua transformação. Esperamos, com este trabalho, poder contribuir para a formação de leitores capazes de se posicionarem criticamente frente ao texto, fazer uso das várias estratégias para ler e utilizar as várias possibilidades interpretativas, reconstruindo o texto e mantendo seu significado global. Afinal, é função da escola formar leitores competentes.
PENNAC (1994: p. 20)
“Não há melhor maneira de abrir o apetite de um leitor do que lhe dar a farejar uma orgia de leitura”.
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